Medida evita a proliferação de bactérias. Além disso, o coador de pano deve ser lavado sem sabão e trocado a cada mês. Confira as dicas de uma especialista para fazer um bom cafezinho.
Mais ou menos torrado, forte ou suave, o campeão na preferência nacional continua sendo o de coador. Mas o café nosso de cada dia também pode ser expresso, capuccino, há quem prefira a cafeteira italiana. Seja qual for a variedade, a procedência, a qualidade, o preço do café que se compra, existem alguns cuidados básicos para melhorar a bebida preparada em casa. Com a palavra, uma especialista, ou barista, o nome da profissão de
Cleia Junqueira, do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé). Ela conhece e ama o café e não gosta de ver o produto maltratado.
"O café não tem nada de simples. É uma bebida extremamente delicada. Eu interfiro totalmente no preparo dela. Errar no preparo de um café é a coisa mais fácil que existe", diz Cleia.
Vamos, então, a algumas regrinhas básicas, começando pelo clássico coador de pano. Se for novo, ele precisa ser curtido, em uma mistura de café e água fervendo. E tem prazo de validade.
"O coador de pano tem validade de um mês. Se fizer café todo dia no mesmo coador de pano, depois de um mês, tem que trocar. Não dá para herdar o coador de pano da avó", orienta Cleia.
Enquanto estiver em uso, a dica, entre um café e outro, é lavar sem sabão e guardar em um recipiente com água na geladeira, para não criar bactérias.
Dúvida importante: coador de pano ou filtro de papel? Tanto faz, diz Cleia. Segundo ela, a única diferença é que, no papel, a água passa mais rápido. E é bom lembrar: esses filtros não devem ser reutilizados. São descartáveis mesmo. (Ouviu, vovó??)
Quanto à água, em qualquer caso, Cleia recomenda que seja filtrada. E um detalhe fundamental: ela deve ser aquecida, mas não fervida. O ponto certo é quando apenas começa a borbulhar. "O ponto ideal é o café que não queima a língua. Assim, a água não queima o pó do café. Você vai tomar uma bebida muito aromática e saborosa", garante Cleia.
A quantidade de pó depende de gosto, mas existe uma medida padrão. "Usamos de seis a oito colheres de sopa de pó para um litro de água. Para meio litro, de três a quatro", diz Cleia.
A barista deixa tudo escaldado em água quente. "Esquentar a xícara e o bule faz diferença, porque você está preparando o recipiente para receber uma bebida quente", explica.
Na hora de preparar o café, a água deve ser jogada em fio sobre o pó. E nada de mexer ou misturar com a colher. Outro erro é guardar café adoçado em garrafa térmica. "Com o tempo, o café vai perdendo o gosto agradável. O café vai oxidando e fica aquele gosto de café requentado. Se colocarmos o café coado em uma garrafa térmica, ele vai ter validade de uma hora. Uma boa dica talvez seja fazer em menores quantidades, mais vezes", diz Cleia.
O ideal, para saborear o café, é não usar açúcar. Claro que esse não é o gosto da maioria. Mas para quem quiser experimentar, Cleia sugere: "Dê o primeiro gole sem açúcar e depois adoce. Depois, você toma dois golinhos sem açúcar e assim vai aprendendo a tomar café de maneiras diferentes".
Dicas de armazenamento: nunca misturar o pó de café novo com aquele restinho do antigo. E o recipiente deve ser escuro. O melhor é uma lata, conservada em geladeira. "A geladeira ajuda a conservar melhor as propriedades do café. Em uma embalagem hermeticamente fechada, ele não vai umedecer. Se eu guardar o café em um pacote mal vedado, o pó vai umedecer e absorver todos os outros aromas da geladeira. Não é que estrague, porque café não estraga. Mas o aroma e o sabor vão ser alterados", explica Cleia.
ALBERTO GASPAR
São Paulo