segunda-feira, 8 de agosto de 2011

As fantásticas fábricas de café

Os pequenos eletrodomésticos caíram no gosto do consumidor. Com a queda do dólar, os aparelhos ficaram mais acessíveis, motivo de alegria e satisfação para os apreciadores da bebida.


O especialista em café Antonello Monardo acredita que houve aumento no interesse dos apreciadores da bebida.

      Está cada vez mais comum encontrar quem tenha em casa uma máquina de café expresso. Com as constantes baixas do dólar, o produto ficou mais acessível aos amantes da bebida e também aos admiradores da praticidade trazida pelos novos equipamentos. Para especialistas, foi a propaganda que popularizou o hábito e possibilitou o investimento das famílias em aparelhos, refis, grãos e pó em uma tendência.

      Médico e entusiasta das máquinas Nespresso, Gustavo Tannus Simionatto, 33 anos, comprou o aparelho antes de chegar ao Brasil, em 2008. “O sabor é diferente do cafezinho tradicional. Por isso, eu trouxe algumas coisas de viagem. É mais barato lá fora. Também passei a colecionar os acessórios, as xícaras, os chocolates”, contou.

      Depois da aquisição do aparelho, chamar os amigos para tomar café em casa virou rotina para Simionatto. “Eu lembro que precisava encomendar algumas coisas da máquina em São Paulo, porque ainda não era comum em Brasília. Depois, abriu uma loja especializada na cidade e essa realidade mudou”, comemorou.

      Engenheiro agrônomo e consultor em café, Aldir Alves Teixeira explica que o marketing feito para vender as máquinas de expresso é intenso, por isso é necessário se ater à qualidade. “A propaganda cresceu, o consumo também. O expresso é um amplificador do aroma, do corpo, da acidez, da amargura. Ele mostra tudo e, por isso, o café comprado precisa ser bom.”

      Nos mercados e em casas especializadas, há variedade. Grandes redes varejistas anunciam os pequenos eletrodomésticos por todo tipo de preço. A versão mais simples da Nespresso ultrapassa os R$ 700. A concorrente ainda mais luxuosa e rebuscada, a italiana illycaffè, cobra a partir de R$ 1,3 mil. A marca prevê público de alto poder aquisitivo e vende a ideia de luxo e exclusividade. Os refis, em ambos os casos, custam a partir de R$ 2.

      Antonello Monardo, mestre pela Accademia Italiana Maestri del Caffè, conta que os cursos para baristas, realizados, em média, a cada 45 dias, são procurados em sua maior parte — 60% — por apreciadores e não por quem trabalha na área. “As pessoas querem aprender mais e passam a ser também mais exigentes. O custo entre um café bom e um ruim são apenas alguns centavos, a diferença está no prazer e no desprazer de tomar”, avaliou.

      Apesar de destacar o aumento no interesse dos apreciadores, Monardo criticou o uso das medidas individuais, vendidas geralmente em sachês para uso exclusivo em algumas máquinas. “A exploração do consumo veio acompanhado de algumas coisas esquisitas. É uma vergonha se deixar levar pelo marketing e pagar a partir de R$ 2 em cápsulas (refis), o que equivale, em média, de R$ 400 a R$ 1 mil o quilo.”

Especiais

      A mesma medida do café gourmet, cultivado, preparado e embalado em condições especiais, custa, em média, R$ 40, aproximadamente R$ 0,25 a xícara. “O Brasil é o maior produtor do melhor café do mundo e, cada vez mais, o produtor local se conscientiza e melhora a qualidade. Mas, como virou uma mania, as pessoas não se dão conta de que estão gastando mais”, arrematou Monardo. A solução, apontada pelo especialista, seria investir em equipamentos que permitam a moagem do grão em casa ou apenas que recebam as medidas caseiras em pó.

Levantamento da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) revelou que a procura por cafés especiais, como descafeinados, gourmet, orgânicos e de origem certificada, subiu de 1,2% para 3,3%. A pesquisa mais recente sobre o mercado, também da Abic, analisou o hábito dos consumidores no ano passado. Em um período de 8 anos, de 2003 a 2010, o hábito de tomar café se consolidou, principalmente fora de casa, registrando um crescimento de 307% (leia Para saber mais).


Especialista

       Profissional especializado em cafés de alta qualidade. É o equivalente ao sommelier do vinho, mas para o mundo do café. Essa pessoa é capaz de degustar, preparar a bebida corretamente e desenvolver drinks próprios, usando, além do grão, alguns licores, cremes e bebidas alcoólicas.


Pressão

      A palavra “expresso” significa rapidez. Encaixa-se perfeitamente a um café que leva pouco mais de 20 segundos para estar pronto. No entanto, apesar de ser a forma aceita em português, também é possível encontrar a grafia “espresso”, importada do italiano, que quer dizer “sob pressão”, também relacionada ao método usado para fazer a bebida.


O médico Gustavo Simionatto comprou uma máquina da Nespresso em 2008, antes da chegada do aparelho ao Brasil.

Fonte: Cidades/ Correio Braziliense (07/08/2011)
Colaboracao: Helio Borba

2 comentários:

  1. Thays, acredito que a conta apresentada nesta reportagem esteja errada. Como que um café que custa R$ 40,00/kg produz xícaras a R$ 0,25? Não tem como o kg do café render na mão de um barista 160 doses de café. O padrão é de 8 gramas por dose, o que daria 125 doses/kg, mas há os deperdícios por regulagem e tudo mais, acredito que na média chega-se a um rendimento de 100 doses/kg.
    Outro engano é que um sachê que é comercializado a R$ 2,00 equivale de R$ 400,00 a R$ 1.000,00/kg.

    ResponderExcluir
  2. Eduardo Borges,

    Devo concordar, totalmente, com você!


    A cápsula de Nespresso, por exemplo, contêm uns 5.5 gramas médios do café (ristretto), e as cápsulas de longo contêm uma média de 7 gramas do café. Logo, se 7g custam R$2,00 temos o valor de R$286,00/Kg _ de fato não chega a ser de R$400,00 a 1.000,00/Kg.

    Obrigada pela observação super válida!

    Abraço,

    ResponderExcluir